terça-feira, 13 de novembro de 2012

MEU ORGULHO!! MINHA IRMÃ!! ESCRITORA E ARTISTA!!

  Gente boa!!
  Estou aqui hoje para divulgar o lançamento do livro da minha irmã, ROVANA CHAVES, que escreveu o livro ESSA VOZ SILENCIOSA, cujo lançamento é hoje, quarta-feira, na nossa Palmeirinha!!!
  A Rovana venceu um concurso internacional de crônicas, realizado em Portugal, pelo Rotary Club Internacional, e, confirmou a trajetória de uma grande escritora que vem surgindo, abrindo os caminhos da palavras com seu sentimento e olhar sobre a vida.
  ps: só vou publicar a crônica dela com atraso, porque ela demorou para mandar para mim... hahahahahaha
  Vou deixar a crônica por aqui, para partilhar com os amigos que gostam de uma boa leitura:

O Tempo
(Rovana Chaves)

Um corpo. Uma faca entre minhas mãos. Meus olhos estáticos. Esta é a paisagem da primeira segunda-feira do mês de março. O homicídio já havia se consumado. Não havia mais o que fazer. Até aquele momento... Não acreditei que eu tivesse matado alguém na sala do meu apartamento.
Minha respiração era automática. Busquei nos vagos pensamentos uma possível solução para aquela visão que parecia mais um seriado policial do que a realidade criada por mim. O motivo para eu tê-lo matado? Medo. Fiquei com medo. Vou lhe contar exatamente o que houve.
Enquanto preparava meu café da manhã para iniciar mais um dia de trabalho, ouvi um leve ruído aqui na sala. Na cozinha, parei com qualquer atividade que eu estivesse fazendo. Fiquei parada para tentar ouvir algum som. Não ouvi mais nada. Então, peguei minha xícara de café, sentei-me à mesa. Ao conectar-me com o jornal de notícias online, um novo barulho. Prestei atenção. Nada. Então, resolvi tomar o primeiro gole de café, porém, por precaução, abri a gaveta do armário ao lado da mesa, e peguei a faca mais afiada que encontrei. Depois fui até a sala para me certificar de que tudo estava tranquilo, afinal, eu tinha plena certeza de que chaveara a porta ontem à noite, além de trancar as janelas. Pensei que estivesse tudo seguro. Com passos lentos e devagar ia me aproximando... O corredor parecia não ter fim... Antes mesmo de chegar até a sala, percebi a sombra de um vulto. Pelo reflexo da janela pude ver que se parecia com um homem. Receosa, fui ao seu encontro. Eu queria perguntar quem era ele, mas a voz não saía. Seus olhos adentraram nos meus dando a sensação de que nos conhecíamos há anos.
Então, criei coragem:
- Quem é você? E o que faz na minha sala? Como entrou aqui? – minha garganta seca como o solo mais árido que você, leitor, pode imaginar.
Ele não se moveu. Não respondeu nenhuma de minhas perguntas. Mas seus olhos, fixos em mim. Fiz menção de atacá-lo. E ele permaneceu imóvel. Resolvi voltar até a cozinha, para pensar na melhor alternativa de colocá-lo para fora do meu apartamento. Ao pegar minha xícara, e voltar para a sala, dei de frente com ele escorado na porta, me observando. No desespero, comecei a gritar, fiz ameaças de chamar até a polícia. E ele, inerte. Empurrei-o contra a parede e nem barulho fez. Corri pelo apartamento, entrei no meu quarto, tranquei a porta. No calor do momento sento-me no chão. Ao abrir os olhos que havia serrado na intenção de pensar que tudo não passara de um pesadelo, dou de cara com ele sentado em minha cama!
Mais do que depressa levanto-me, abro a porta e saio correndo, esquecendo até de que estava munida de uma faca. E enquanto isso, como num passe de mágica, ele reaparece sentado na poltrona da sala. Logo vem um pensamento em minha cabeça: vou fugir! Tentei abrir a porta, mas a chave não se movia! Ou seja: eu estava trancada com alguém que eu não conheço dentro do meu próprio apartamento! Inacreditável!
Olhei no relógio: sete e quinze da manhã. Eu devia ter saído às sete horas para poder chegar a tempo no trabalho! Meu celular sem sinal, internet do computador para poder me comunicar com alguém, não estava funcionando. Telefone residencial mudo. O que era isso?!? O que estava acontecendo?!? Eu não sabia, mas queria descobrir e sair deste pesadelo! Ao voltar os olhos em direção àquele homem, com o pânico que eu estava, acabei percebendo que a única maneira de sair deste infortúnio era matando-o. Quando estamos munidos de raiva, medo, pânico, somos capazes de coisas que até nós mesmos duvidamos que um dia poderíamos fazer.
A primeira facada que dei foi em seu estômago. E depois desta, várias outras. Os olhos dele continuavam abertos. Não gemeu, não gritou. Não esperneou. Era como se eu estivesse usando a faca em um boneco. Mas para reafirmar que o quadro era real, seu sangue começou a escorrer pela poltrona... Sua mão direita recaída, pingava o sangue pelos dedos. E os olhos dele abertos até então, acabei por fechá-los. Depois de ter total certeza de que ele estava morto, fui até a porta para tentar abri-la. Consegui.
No entanto ao olhar o relógio de pulso, estava parado. O despertador do quarto, também parado. Minha última tentativa foi olhar no relógio do computador, que também estava inalterado. Meu celular voltara a ter sinal, mas o relógio não funcionava mais. O telefone convencional também voltara a funcionar. Mas eu não queria falar com ninguém e tampouco queria ver ninguém. Eu estava paralisada com tudo aquilo. Sem largar a faca, me sentei aqui, onde estou. De frente para o cadáver. Exatamente onde você, leitor, me encontrou... E o que fazer? Alguma sugestão?
Eu sei, estou aqui... Deixando as horas passar. Começo a chorar e me pergunto: Por quê? Por que fiz isso? Como deixei que o medo me consumisse a tal ponto? Olho mais uma vez para a faca em minha mão, e não sei o que fazer. Reclamo. É mais fácil reclamar de tudo, do que tomar atitude diante dos fatos. Diante da vida.
Celular tocando. Telefone convencional tocando. Mas não vou atender. O que dizer? Como explicar? Não consigo explicar. Qualquer pessoa em sã consciência perguntaria questões óbvias que eu não conseguiria responder. Onde colocar o corpo? Como limpar aquele sangue na sala? Na poltrona?
Ouço alguém batendo na porta. Não me movo. Olhando para o corpo estou e olhando para ele permaneço.
- Dona Claudia? Está aí? – É o porteiro do prédio chamando por mim. Fico impronunciável.
Ele insiste:
- Dona Cláudia, chegou um pacote da sua vó... Ela pediu que eu lhe entregasse em mãos. Como não a vi descer para ir ao trabalho, pensei que estivesse em casa... A senhora está aí? Está tudo bem?
- Oi senhor Valdir! – Gritei ainda sentada no chão. Um momento... Já irei pegar o pacote. Levanto-me devagar, pego o casaco que havia deixado na noite passada sobre a cadeira, e o visto. Afinal, era preciso esconder as manchas de sangue da minha blusa.
Abro uma pequena fresta da porta:
- Bom dia seu Valdir, não fui trabalhar porque não estou muito bem. Mas logo passa. Obrigada por vir trazer o pacote. – Dou um sorriso amarelo assim que pego a caixa.
- De nada dona Claudia, precisando de alguma coisa, é só pegar o interfone. Vou descer, não Posso deixar meu posto! Cuide-se!
- Sim... Pode deixar seu Valdir, vou me cuidar.
Fecho a porta, coloco o embrulho sobre a mesa. Abro. É o relógio que foi de minha bisavó. Junto com ele, um pequeno bilhete:
Claudinha,
Espero que cuide bem dele, assim como eu e sua falecida mãe cuidamos. Agora está em suas mãos marcar o tempo da melhor maneira possível: fazendo o que gosta, vivendo momentos felizes, e fazendo a diferença a cada dia.
Com amor,
Sua vó Dulce.
Ao olhar os ponteiros, percebi que ele estava funcionando. Saí olhando por todos os relógios de antes, e todos voltaram a funcionar. E o corpo? As manchas de sangue? Não sei onde foram parar. Mas vi a intensidade daquele momento. De fato eu acabara de matar alguém. Mas matei alguém que todos os dias muitos de nós somos acostumados a matar: o tempo.
Aquele vulto seguia-me com os olhos, e, no entanto nada fazia, sequer reagia... Seus olhos miraram meu íntimo questionando-me: O que você tem feito do seu tempo? Você o utiliza ou você o deixa escapar por entre os dedos? E realmente, eu estava a cada novo dia matando tempo... Deixando de fazer atividades necessárias. Deixando de conviver com pessoas que a mim são importantes. Deixando de aproveitar coisas boas que a vida pode oferecer.
Foi um sonho? Imaginação? Loucura? Não sei... Só sei que meus relógios marcam sete e quinze da manhã, e tenho mais uma chance de começar meu dia de trabalho, mas agora de uma forma diferente: pensando em aproveitar o tempo da melhor maneira possível.


Rovana, ao centro, de vermelho, recebendo a premiação das mãos das lideranças Rotarianas.

Um comentário:

  1. E aí guri!
    Obrigada por divulgar em seu blog o lançamento e o Concurso. Mas você é um grande talento na poesia que não posso deixar de mencionar. Agradeço pelo apoio e incentivo de sempre, além da amizade que vai muito além de sermos irmãos. Também tenho orgulho imenso de ser sua irmã! Amo você! Beijão

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