terça-feira, 16 de outubro de 2012

HOJE, A POESIA PERDEU TULIO SOUZA!!




    Passa um pouco das 19 horas, estou em Carazinho, na hora do mate, e acabo de receber uma ligação de meu pai, informando do passamento do amigo e poeta Túlio Varella de Souza. O silêncio impera neste instante!!
    Túlio, por médico, fazia, praticamente, parte da nossa família, com o carinho e amor com que tratava minha avó em Mondaí, SC, sua terra adotiva. 
     Túlio, por poeta, era um parceiro querido e sempre pronto para toda lida!! Com um sorriso guardado para cada novo abraço, para cada reencontro. Uma pena que não pudemos conviver mais... Reféns da distância, não pudemos alçar o mate um para o outro tantas vezes quanto gostaríamos, restou uma única poesia em parceria, feita no encontro proporcionado pelo amigo Valdomiro Maicá, na querência de Três Passos, mas, restou também, com sinceridade, um respeito enorme pela figura humana que conheci, pelo poeta com quem trabalhei e pelo amigo que meu abraço, agora, sente saudades!!
     Quero deixar um abraço largo para a família, sabedor que as palavras não vão conseguir expressar a dor da perda, mas consciente de que uma mensagem de amizade é enviada neste momento, para dizer que estamos aqui, de braços abertos, para qualquer situação.
     O Tulinho, que é filho do Túlio, me presenteou com a única oportunidade de participar do CD do carijo como instrumentista, fiz parte de sua obra, A HISTÓRIA DE UM PALA, recebi todos em minha casa, nos ensaios, e pudemos desfrutar de momentos mágicos em torno da arte, onde, lá estava o Túlio, orgulhoso do filho, feliz pelos amigos, entusiasmado pela VIDA!!!
     É assim que vou lembrar deste amigo, no sorriso largo que trazia, na palavra franca que vertia de seu coração e alma, no verso respeitoso que dirigia ao Rio Grande e... na saudade de uma nova parceria...

MEU VELHO

Letra: Tulio Souza
Música: Piero Ereno
Ritmo: Milonga
Intérprete: Jorge Freitas


Meu velho não tinha rugas
tinha caminhos no rosto...
Cicatrizes de “agostos”
no tremor fino das mãos,
e de tanto amor no peito
mal cabia um coração!

Pra cada carinho, meu velho
tinha nos braços abraços...
Nas pernas frágeis, cansaço,
tinha destino e não pressa!
E a crença de que o fim
é vida que recomeça!

Por ti, meu velho, eu reponto as palavras,
e versejo um mate novo a cada dia
Meus olhos sentem a saudade dos teus olhos,
mas o pranto se transforma em poesia!

Nunca entregava conselhos,
sempre emprestava vivências,
se emponchava de querência
e tinha orgulho em ser justo...
Um homem simples, meu velho,
como convém a um gaúcho!


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