segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

JAYME CAETANO BRAUN!!!!!

FALTAVA ESTA REFERÊNCIA NO BLOG!!!!!



Na iminência do mês de Janeiro, que detém o dia do Pajador...
Jayme Caetano Braun
Nasceu em 30 de janeiro de 1924, na Timbaúva, distrito de São Luiz Gonzaga (RS), hoje pertencente ao município de Bossoroca.
Foi alambrador, tropeiro e curandeiro. Um artista missioneiro que fez de sua terra o seu mundo, de sua aldeia, uma pátria.
Sonhava em cursar Medicina, mas formou-se em jornalismo. Sua imensa cultura foi apurada no período em que ocupou o cargo de diretor da Biblioteca Pública do Estado, entre 1959 e 1963.
Especializou-se em décimas (poemas com estrofes de 10 versos). Os poemas, que começou a escrever piazito, por influência da família, foram publicados em vários livros. O primeiro, Galpão de Estância (1954), trazia versos de temática campeira, quase sempre dedicados a objetos do universo do homem da Campanha: relhos, chilenas, laços, carretas.
Na década de 70, trabalhou como radialista na Rádio Guaíba, onde apresentava o programa "Brasil Grande do Sul", que ia ao ar aos sábados pela manhã. Ele também foi funcionário público estadual. Trabalhou no Instituto de Pensões e Aposentadorias dos Servidores do Estado (Ipase) . Considerado o maior pajador do Rio Grande do Sul, foi membro e co-fundador da Estância da Poesia Crioula, em Porto Alegre (RS). Poeta regionalista, costumava usar os pseudônimos de Piraju, Martín Fierro e Andarengo. Carismático, tornou-se popularmente conhecido não só no Brasil, mas também em países como Uruguai e Argentina. Vários CTGs lhe homenagearam, inclusive em vida, atribuindo-lhes o nome de "Jayme Caetano Braun", em várias cidades brasileiras, inclusive na Capital Federal. Entre seus poemas mais declamados pelos poetas regionalistas do país inteiro, destacam-se "Tio Anastácio", "Bochincho" e "Galo de Rinha". Jayme faleceu em 08 de julho de 1999, às 5h30, na Clínica São José, em Porto Alegre, vítima de complicações cardiovasculares, depois de receber quatro pontes de safena e enfrentar problemas de depressão e tentar o suicídio.
Durante sua carreira fez diversas payadas, poemas e canções, sempre ressaltando o Rio Grande do Sul, a vida campeira, os modos gaúchos e a natureza local.
Aos 16 anos mudou-se para Passo Fundo, onde viveria até os 19 anos. Na capital do Planalto Médio, Jayme completou seus estudos no Colégio Marista Conceição e serviu ao Exercito Brasileiro.
Trabalhou, publicando poemas, em jornais como O Interior e A noticia (de São Luiz Gonzaga). Passa dirigir em 1948 o programa radiofônico Galpão de Estância, em São Luiz Gonzaga e em 1973 passa a participar do programa semanal Brasil Grande do Sul, na Rádio Guaíba. Na capital, o primeiro jornal a publicar seus poemas foi o A Hora, que dedicava toda semana uma página em cores aos poemas de Jayme.
Como funcionário público trabalhou no Instituto de Pensões e Aposentadorias dos Servidores do Estado e ainda foi diretor da Biblioteca Pública do Estado de 1959 a 1963, aposentando-se em 1969. Na farmácia do IPASE era reconhecido pelo grande conhecimento que tinha dos remédios.
Em 1945 começa a atuar na política, participando em palanques de comício como payador. O poema O Petiço de São Borja, publicado em revistas e jornais do país, fala de Getúlio Vargas. Participa das campanhas de Ruy Ramos, com o poema O Mouro do Alegrete, como era conhecido o político e parente de Jayme. Foi Ruy Ramos, também ligado ao tradicionalismo, que lançou Jayme Caetano Braun como payador, no 1º Congresso de Tradicionalismo do Rio Grande do Sul, realizado em Santa Maria no ano de 1954.
Casou duas vezes, em 1947, com Nilda Jardim e em 1988 com Aurora de Souza Ramos. Teve três filhos, Marco Antônio e José Raimundo do primeiro casamento, e Cristiano do segundo. Anos mais tarde participaria das campanhas de Leonel Brizola, João Goulart e Egidio Michaelsen e em 1962 concorreria a uma vaga na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul pelo PTB, ficando como suplente.
Veio a falecer de parada cardíaca em 8 de julho de 1999, por volta das 6h, em Porto Alegre. Seu corpo foi velado no Palácio Piratini, sede do governo sul-riograndense, e enterrado no cemitério João XXIII, na capital do estado. Para o dia seguinte estava programado o lançamento de seu disco Exitos 1. Depois de sua morte foram lançados: Payada, memória e tempo Vol. I e II e A volta do farrapo.
Recebeu homenagem e destaque especial do festival Sesmaria da Canção, de Osório, em 1997. Entre seus prêmios, estão o Troféu Laçador de Ouro e o Troféu Simões Lopes Neto (maior honraria concedida pelo governo do Estado), ambos em 1997. Emprestou seu nome a Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) de diversas localidades. Algumas de suas canções foram gravadas por cantores e conjuntos de outros Estados, como Originais do Samba e a dupla Antonio Carlos e Jocafi.
Tem, na sua poesia, a expressão estilizada da autenticidade e espotaneidade da fala do homem rural, da zona da Campanha. Sobre sua obra, afirmou Walter Spalding: "A poesia desse poeta missioneiro é um dos maiores e melhores repositórios de palavras e expressões gauchescas, valendo por isso seus livros um tesouro. Grande parte das que usa e que são de uso comum nas Missões e outras partes do Rio Grande jamais foram dicionarizadas". Seus poemas são, em geral, longos e épicos, para ser declamados de viva voz.
O costume campeiro de contar casos também está presente em seus "rimances", poemas narrativos, como Bochincho, extremamente popularizado, um dos textos mais declamados nas festas gauchescas. Seu vocabulário regional representa rico acervo para estudo dos dialetos rurais gaúchos.
Artesão de belas imagens, também compôs poemas líricos-amorosos, e sua temática ia desde a expressão de um forte telurismo quase místico pelo pago,a objetos de seu universo - o galpão, o lenço, a faca, o cavalo, as chilenas -, as apologias sobre a história do Estado e o realismo social, em poemas nos quais os anti-heróis são desvalidos da sorte e oprimidos pelo sistema capitalismo. Suas composições têm um percurso nítido: vão dos poemas longos grandiloqüentes, feitos para declamação, aos poemas curtos e densos de suas últimas obras, nos quais a elaboração poética é maior e mais cuidadosa, acompanhando os modelos da modernidade.
O talento de Jayme Caetano Braun como poeta e letrista foi reconhecido no Uruguai, na Argentina, no Paraguai e na Bolívia. Excelente repentista, conhecido como El Payador, ocupa por isso um lugar de destaque na literatura regionalista do Rio Grande do Sul.
Dia 30 de janeiro o Rio Grande do Sul comemora o Dia do Pajador Gaúcho. E a data não foi escolhida ao acaso, é uma homenagem a um dos maiores mestres da pajada, que nasceu neste dia do ano de 1924 em Timbaúva (hoje Bossoroca), na época distrito de São Luiz Gonzaga. Cruza de um mestre-escola de origem alemã e de uma formosa cabocla dos Sete Povos da Missões, Jayme Caetano Braun traz no sangue e na terra a síntese da formação histórica do Rio Grande do Sul.

A payada (ou pajada no Brasil e Paya no Chile) é uma forma poética nascida na campanha argentina e uruguaia do século XIX, em geral um repente em décima (estrofe de 10 versos), de redondilha maior (verso de sete sílabas) e rima entrelaçada (todos os versos rimam entre si, alternadamente). Normalmente é acompanhada por um dedilhar de violão.
Jayme se torna poeta ao mesmo tempo em que entra na vida adulta, em meados dos anos 40. Iniciava-se então, no Rio Grande do Sul como em todo o país, um tempo de crise e reafirmação de uma identidade ameaçada pela penetração econômica e cultural do imperialismo. O modelo latifundiário exportador esgotara suas possibilidades de manter na sociedade gaúcha um grau mínimo de coesão, a questão agrária tornava-se evidente e a literatura refletia estas contradições – como na trilogia do “gaúcho a pé” de Cyro Martins.
Assim, para uma efetiva defesa dos valores associados a figura do gaúcho era necessário a compreensão da política e da economia atual e, nesse contexto, tomar uma posição de enfrentamento para com o imperialismo e o latifúndio. Isso fez de Jayme um militante político além de poeta e, de fato, vários de seus poemas ou pajadas possuem um caráter político – ou de cunho social onde necessitam ações políticas. Chegou a ser diretor da Biblioteca Pública do Estado de 1959 a 1963, no governo Brizola.
Ao defender as tradições gaúchas, compreendia que a ameaça a elas vinha da penetração imperialista e que, para salvá-las, eram urgentes as reformas de base, em especial a agrária. A questão da terra, aliás, perpassa toda sua obra – um exemplo é a música Da Terra Nasceram Gritos, composta em conjunto com Cenair Maicá, que inicia protestando: “Mataram meus infinitos e me expulsaram dos campos; da terra nasceram gritos, dos gritos brotaram cantos!”. Missioneiro, tem como referência recorrente Sepé Tiaraju, o líder da resistência guarany à invasão portuguesa no século XVIII, cuja derrota é a origem ancestral do problema agrário no Rio Grande do Sul.
A defesa das raízes culturais do Rio Grande do Sul e o movimento de resistência surgido nos anos 40 têm muito em comum com um esforço de mesma natureza iniciado no nordeste do país, na mesma época, por homens como Ariano Suassuna. Ambos os movimentos buscavam preservar manifestações populares frente à invasão cultural dos EUA, empreendida via Rio e São Paulo através de emissoras de televisão, de rádio e gravadoras.
Jayme cantou, principalmente no início de sua carreira, a indumentária e a cozinha tradicionais do gaúcho (o mate, o arroz de carreteiro, o lenço, a faca). Mas sempre denunciou o uso indevido destes símbolos pelos opressores para confundir o povo: “Eu pergunto: de que adianta plantar um pé de erva-mate, como sinal de combate em defesa de uma planta se a mesma mão que levanta nessas considerações é a que assina concessões num inconsciente floreio aos assassinos do meio que fazem devastações?” Questiona em Payada das Primaveras.
A militância cultural e política de Jayme não se limitaram às fronteiras do Rio Grande do Sul ou do Brasil. A partir dos anos 60, começa a estudar a cultura gaúcha da Argentina e do Uruguai e estreita contatos com artistas daqueles países. Foi a partir daí que encontrou a forma de expressão em que melhor se saía: a Payada.
Em sua luta em defesa da identidade cultural latino-americana, Jayme homenageou em versos comoventes o argentino Atahualpa Yupanqui (que, por sinal, estaria fazendo 103 anos no dia 29 de janeiro), a quem tinha como ídolo, e chegou a escrever poemas em espanhol. Para ele, não havia incoerência entre esta aproximação e sua postura de ferrenho defensor da cultura riograndense e brasileira. Afinal, argentinos e uruguaios eram povos irmãos, oprimidos pela mesma potência. Defendia a unidade entre os povos da América do Sul, especialmente as “três pátrias gaúchas” (Brasil, Argentina e Uruguai). No poema Los Tres Gauchos, sintetizou este ideal: “hermanos de sembra y paz,/ América és tu bandera!/ ayer - hicimos frontera,/ hoy- no la queremos más.”
Jayme é o cerne dos quatro troncos missioneiros (Jayme Caetano Braun, Cenair Maicá, Noel Guarany e Pedro Ortaça) e um gaudério que não podemos deixar cair no esquecimento. Com a Lei de 2001 para o Dia do Pajador Gaúcho, temos ao menos o dever de relembrá-lo...


ALGUMAS OBRAS:
LIVROS
Galpão de Estância (poesia, Editora Gráfica Porto Seguro, 1954)
De Fogão em Fogão (poesia, La Salle, 1958)
Potreiro de Guaxos (poesia, Champagnat, 1965)
Bota de Garrão (poesia, Sulina, 1979)
Brasil Grande do Sul (poesia e relato, Sulina, 1986)
Paisagens Perdidas (poesia, Sulina, 1987)
Vocabulário Pampeano - Pátria, Fogões e Legendas (dicionário de regionalismos, Martins Livreiro Editor, 1987)
Payador e Troveiro (poesia, Tchê, 1992)
50 Anos de Poesia (antologia poética, Martins Livreiro Editor, 1996)
Payadas e Cantares (2008)

Cd’s
Payador, Pampa e Guitarra – 1974
Payadas e A Volta do Payador – 1984
Troncos Missioneiros – 1987
Poemas Gaúchos – 1993
Pajadas – 1993
Paisagens Perdidas – 1994
Jayme Caetano Braun – 1996
Acervo Gaúcho - 1998
Depois de sua morte foram lançados: Exitos I e Êxitos II.
Payada, memória e tempo Vol. I e II e A volta do farrapo.

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